domingo, 17 de dezembro de 2017

Ira! em volta redonda - Clube Naútico - 16/12/2017

Depois de tanto tempo, numa galáxia, ou melhor, numa cidade muito muito distante, enfim pude ver ao vivo, em carne e osso, essa banda paulista que é das mais importantes do Brock 80. Meu irmão já completou a quarta vez, vejam vocês, mas antes tarde do que nunca, e nunca é muito tempo como dizem outros. Começou por volta de 01:40h do domingo, após muito tecnopop oitentista na pista, e algum rock antes da banda entrar no palco.
E o tempo passa, e estão lá com seu jeito de tiozão Nasi e Edgar Scandurra, já pela casa dos cinquenta, mas esbanjando energia e emoção pra desfilar clássicos e algumas canções que eu não colocaria como das mais inspiradas deles mas vá lá, nada é perfeito, não se procura mais perfeição depois que estamos mais maduros e serenos.
Mas quem pode se dar ao luxo de desfilar grandes canções como Núcleo Base ("Eu tentei fugir, não queria me alistar/ eu quero lutar,mas não com essa farda!"), Dias de Luta ("Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho"), Envelheço na cidade, Quinze anos, essa uma grata surpresa, com sua letra realista que dá nome ao álbum onde ela apareceu ("Vivendo e não aprendendo / eis o homem esse sou sou / que se diz seguro / que se diz maduro).
Ou então Tarde Vazia e sua nostalgia dos anos do telefone ("você me ligou naquela tarde vazia / e me valeu o dia!"), Rubro Zorro, outra surpresa ("Sou o inimigo público número um!"), a belíssima balada Girassol ("Um girassol sem sol/ um navio sem direção / apenas a lembrança do seu sermão / você é meu sol/ um metro e sessenta e cinco de sol / e quase o ano inteiro os dias foram noites / noites para mim / meu sorriso se foi / minha canção também  / eu jurei por Deus não morrer por amor / e continuar a viver / Como eu sou um girassol, vc é meu sol...), uma canção obscura que adquiriu a beleza que merecia mostrar no acústico do ira!, que contribuiu com Eu quero sempre mais, aquela da pitty, Flerte Fatal e seu aviso sobre as drogas, Pra ficar comigo, que é uma versão de Train in Vain do The Clash ("meus sentidos estão todos a mil / no meu carro tem um banco vazio: vem ficar comigo!"), Flores em Você na versão baixo guitarra bateria ("Quero viver meu presente / e lembrar tudo depois / nessa vida passageira, eu sou eu vc é vc/ isso é o que me mais me agrada / isso é o que me faz dizer: / que vejo flores em você"), Vida Passageira, cantada de forma emocionante pela galera, com sua letra melancólica ("Quando seus amigos te surpreendem/  deixando a vida de repente / e não se quer acreditar / Mas essa vida é passageira / chorar eu sei que é besteira / mas meu amigo, não dá pra segurar"), Amor Impossível ("é possível falar / de um amor impossível"), Sem Saber pra
onde ir (Como posso andar no escuro / se não sei pra onde vou / sem a luz que iluminava o meu caminho"), Advogado do Diabo, Longe de Tudo, Gritos na Multidão com a galera responde os coros da música, como em outras canções, já que a galera era majoritariamente da época. Mas foi bonito ver muita molecada curtindo e cantando junto, uma amostra que não há só maus ouvidos na juventude.
Por outro lado algumas canções ou são pouco conhecidas, ou pouco inspiradas e que apareceram no show que fez com que a temperatura baixasse um pouco. Nada de grave contudo, porque com uma quantidade bestial de boas músicas rapidamente a temperatura subia. E teve até I fell Good do mestre James Brown, wow!
Mas algo que eu ia esquecendo é das grandes canções que ficaram de fora do show. Claro, compreendo que seja questão de gosto, ou então de momento ou o grupo estar exausto de tocá-las, etc, mas só a título de lembrança aqui vai:
Logo de Cara
Mistério
Tolices
 Mudança de comportamento
Coração
Pobre Paulista
Você ainda pode sonhar (Lucy in the sky with diamonds)
Prisão das Ruas
É assim que me querem
Você não serve pra mim
Bebendo Vinho
Entre seus rins
Milhas e Milhas

Além dessas aí umas 4 pelo menos do álbum de Covers/versões Isso é amor também poderiam dar as caras.
Mas foi uma grande noite, e terminar um ano (ok, está ainda por terminar, tem alguns bons dias ainda, mas deixa eu na minha vibe) com um show dessa rapaziada do Ira! faz renovar o espírito e as esperanças. Um outro detalhe a comentar contudo é que a banda não veio com os membros originais, pois o baixista e baterista são outros, inclusive o primeiro é filho do Edgard Scandurra.
Como sempre, aliás, rolou aquela velha trolagem do Edgard, com a galera pedindo palheta com ele e ele mostrando as mãos nuas: ele não usa palheta! Toca com os dedos/ulhas, além de ser canhoto e não inverter as cordas da guitarra, o que adiciona dificuldade pra aprender e tocar, pois as cordas mais graves ficam para cima. Coisa de gênio, porque ele é uma lenda, toca demais, e fico agradecido de poder ver esse craque alí distribuindo riffs e solos como ninguém.
Enfim, é isso, muito muito bom! Valeu Ira!
Bônus: videos com trechos gravados em qualidade sofrível....rs

Tarde Vazia - Ira!
 Dias de luta - Ira!
Girassol - Ira!

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