quinta-feira, 2 de março de 2017

LOGAN - Crítica (****)

Vale, vale muito a pena assistir Logan. Esse road movie, com referências de faroeste, amargo, violento, maduro, comovente até, e sim, um baita filme de ação.
Mas não é mesmo para kids. Com censura de 18 anos nos EUA e 16 aqui, é certamente o filme mais violento e visceral de super-heróis jamais feito. Sempre que assistia um filme do Wolverine incomodava que aquelas garras de adamantium nunca feriam ninguém como deveriam. Sempre era tudo muito irreal, asséptico, muito limpinho, muito clean. Com um filtro embelezador que não fazia jus a brutalidade do personagem, sempre no limite da explosão.
Então aqui o jogo é à vera. As cenas de ação são brutais, ultra-violentas com as garras de adamantium dilacerando, cortando, picotando, furando e etc. Wow!
O filme começa com um envelhecido Logan que trabalha de chofer de limusine, desencantado, embriagado, viciado. Sem esperança, apenas vivendo cada dia como mais um. Doente, seus poderes já não são como antes, e estamos num futuro onde os mutantes são apenas uma apagada lembrança. Xavier, com 90 anos, tem ataques epiléticos que causam danos que só a mente mais poderosa do mundo pode causar em choque elétrico dos impulsos do cérebro. Isolado, é tratado como um filho por Logan, logo ele que tantas vezes foi pai para os X-men. Junto a eles há um mutante que consegue rastrear outros e é albino ao grau máximo. Um personagem intrigante, perspicaz e infelizmente no meu modo de ver, poderia dar muito mais ao filme do que deu. Uma pena, foi um desperdício, poderia render muitos bons diálogos a frente, mas foi opção do diretor, paciência.
Uma observação: o trailer do filme é um dos mais insossos dos últimos anos, talvez pela censura, esconde muito do potencial da película.
Continuando, Logan se depara com uma mexicana misteriosa que lhe pede ajuda e acaba por deixar com ele sua "filha" para que a leve ao Éden, um paraíso para os mutantes em outro estado.
A história se desenvolve a partir daí com a perseguição desse núcleo por soldados de uma empresa que trabalhava em criar crianças mutantes e que perdeu a menina que foi parar com os x-men.
Porém não se trata puramente de violência e ação. Há muitos diálogos sobre a vida, sobre a procura da felicidade, de honra, escolhas, em atuações fortes de Jackman e Stewart, Wolverine e Doutor Xavier. Em diálogos por vezes espirituosos, como a reprimenda de Logan na pequena mutante ("Não pode"), por vezes comoventes, assim como o destino dos personagens.
Os vilões não são megalomaníacos poderosos, são antes mercenários ou homens que querem a mudança, não importa a qual custo.
Logan não é mais a máquina de matar praticamente imortal que um dia já fora. Cheio de cicatrizes, com dificuldade para se regenerar como antes, sua aura mais mortal e humana dá o tom nos enfrentamentos, nos fazendo se importar mais com o personagem, algo que não ocorre por exemplo, com filmes do superman por exemplo. Prepare-se para surpresas do roteiro.
E depois de pouco mais de 2h de projeção é impossível não sair satisfeito dessa bela história que fecha um ciclo, e talvez inicie uma nova era para os mutantes. Certamente o melhor filme dos X-men sem ser dos X-men. (****)