terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Real Detective - Netflix (****)

Nova série sendo exibida no netflix, Real Detective é para quem tem disposição para encarar a realidade, toda a maldade do ser humano. Aqui os verdadeiros detetives dos casos reencenados vão comentando a medida que a história vai se desenvolvendo, e um deles dá a deixa: "eu acredito no mal" ao se referir a um dos investigados. Os casos variam de localidade, personagens, mas o mal encarnado num assassino frio está ali, e cabe aos detetives deslindar a trama e conviver com a tristeza de não ter podido evitar que tal crueldade acontecesse à vitima. "Eu tenho de fazer o melhor como forma de respeitar a vítima". Com um ritmo na medida, sem ser muito rápido ou moroso, as descobertas e questionamentos vão sendo apresentados sem nunca entediar o telespectador. Ao mesmo tempo, nos depoimentos, vamos enxergando como é o trabalho investigativo e como os insights acontecem, e então somos apresentados ao culpado. O detalhe, ah, o detalhe, nele mora o diabo, já dizia aquele ditado incomum. Até Michael Madsen de Cães de aluguel está aqui num personagem meio turrão, não um gênio, uma máquina de desvendar crimes. Certamente há detetives afiados, mas há também aqueles que são mais perseverantes e que mesmo assim atingem seu objetivo. Há muitas cenas fortes, afinal, trata-se do ponto de partida da série a morte de alguém, o assassínio. E confesso que o olhar malévolo do assassino do primeiro episódio, em seu final, a nos fitar como se talvez venhamos a ser sua próxima vítima é apavorante. Tire as crianças da sala. (****)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A chegada - Que filme! (*****)

Denis Villeneuve é um cara a ser observado com muita atenção, pois já produziu ótimos filmes como os suspeitos, incêndios, e ultimamente sicário. Todos filmes distintos e com ótimas histórias, e aqui mais uma vez realiza uma obra que faz pensar depois de terminado o filme, fato que ocorre somente com as películas que sabem cativar o público.
Uma especialista em linguagem e um físico teórico são chamados pelo exército americano para tentar entender o que dizem e o que querem 12 "conchas" de 500 metros de altura que estacionaram em vários lugares do mundo. Nesse meio tempo vemos que a cientista perde sua amada filha após muita luta para uma doença incurável que irá deixar marcas indeléveis na sua vida e atitudes. Não é um filme de ação, não física, mas psicológica, afetiva, amorosa até. As teias da trama vão se deslindando nessa tentativa de descoberta das intenções e da linguagem dos seres extraterrestres, heptapoides que se comunicam com uma espécie de tinta de polvo criando símbolos circulares misteriosos. Nesse meio tempo as várias nações estão unidas para tentar decifrar também quais são os planos e intenções, e ao mesmo tempo as intenções das outras nações, logo iremos ver. Amy Adams está excelente, passando toda a dor de uma mãe ferida na carne, e ao mesmo tempo curiosa e sedenta de conhecimento sobre os estranhos seres do espaço. Claro que nem tudo é o que parece, e a forma que os acontecimentos são jogados para o espectador na parte final é exemplar e perfeitamente encaixada, sem enganar quem assiste, não há logro, apenas... bem não dá para dizer mais para não estragar a experiência. O que ocorre é que ao fim, se veremos pensando sobre a vida, sobre as pessoas, a humanidade, caráter, destino, e tudo o mais que é importante.
Repetindo, um filme que não é acelerado como costumam ser blockbuster, e sim mais contemplativo, pensado, mas que merece ser degustado e absorvido como uma obra superior, e que felizmente, faz pensar, algo tão raro hoje em dia.

Cotação: (*****)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Invasão Zumbi (Train to Busan) - (****)

Nunca soube de filmes de zumbi japoneses, deve haver, claro mas eles se notabilizaram mais no ramo de terror psicológico como atestaram Ringu, Dark Water, o Grito, etc. A grande sacada do terror nipônico é nos amedrontar muitas vezes mais com a sugestão do que a visão propriamente dita, além de imagens incomuns ou em velocidades alteradas para mais normalmente da película, que causa desconforto e estranhamento ao nosso paladar ocidental.
Eis que em 2016 chegou este que já se pode se chamar de novo clássico do cinema de zumbis, que tem o título canhestro e espanta público de Invasão Zumbi. Um pai relapso e sua filhinha, outro que virá a ser pai, estudantes de um time de beisebol, um diretor inescrupuloso, todo esse caldo de pessoas irão parar num trem que recebe uma das infectadas que vai espalhar a doença zumbificadora e causar o caos sob trilhos. Os zumbis aqui, ao contrário dos lentos seres de Romero ou Walking Dead, são criaturas bizarras, quebradas e assustadoramente rápidas e vorazes. Com cenas que remetem por vezes a Guerra Mundial Z com zumbis que demolem as barreiras no peso e na compactação, causam ainda mais agonia quando perseguem os humanos sadios não deixando tempo para pensar, e fazendo com quem assiste fique sem fôlego. Há várias cenas que o suspense faz o coração pular pela boca, e por um fio fica a vida, a quase todo momento. A trilha sonora ajuda bastante, e os efeitos dão ainda mais atmosfera com ruídos e vozes horripilantes. Claro que há clichês nos personagens, vez ou outra, mas faz parte para poder captar a empatia dos mais sugestionáveis e menos críticos, mas qual o problema de se divertir não é mesmo? Os zumbis tem ligeiras alterações do comportamento padrão, que se torna uma ferramenta de suspense em certas cenas, uma engenhosidade para fugir do comum, idéia acertada.
Para quem curte, são quase duas horas de uma montanha russa de sustos e suspense. Uma boa pedida com sabor oriental mas que não deixa nada a dever ao cinema americano de terror.

Cotação: ****