terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Three Billboards Outside Ebbing (*****)

Há alguns anos assisti a Onde os Fracos não tem vez, um faroeste moderno com Barden e Tommy Lee Jones duelando. Depois foi no ano passado A Qualquer custo, outro filmaço impactante, mesmo clima de interior americano, árido e empoeirado como as almas. E esse ano, se você se sentiu grato por ter assistido algum desses que mencionei, você DEVE assistir Three Billboards Outside Ebbing, Missouri.
Uma mãe que teve a filha estuprada (Frances Mcdormand, fantástica), assassinada e queimada barbaramente, após 7 meses sem uma resposta concreta do culpado pela polícia resolve pagar para colocar 3 cartazes perguntando ao xerife Wiloughby (Harrelson, de novo num grande personagem e atuação) que mais ele pode fazer para resolver o crime.
Entrementes, um policial racista, explosivo e indolente vivido de forma complexa e multifacetada por Sam Rockwell, que depois irá nos surpreender ainda mais, só tenta jogar mais lenha na fogueira, sem trocadilho.
A pobre Mildred passa a ser hostilizada de várias formas, assim como seu filho. A atuação monstruosa de Mcdormand, ao mesmo tempo irônica, amargurada e vingativa vai deixando um rastro de incompreensão, raiva, entre os moradores, enquanto o xerife tenta lidar com vários problemas, inclusive seus próprios policiais.
O filme se passa entre uma névoa que não nos permite ter certeza se estamos vendo uma comédia de humor negro, um violento faroeste ou um drama pungente, como na cena da delegacia de Dixon (Rockwell) de arrepiar. Diálogos inspirados, tiradas cortantes, um roteiro que nos deixa presos na cadeira.
O filme tem tão bons atores que se dá ao luxo de dar um papel quase ponta ao gigante Peter Dinklage, o Tyrion de Game of thrones, como sempre eficientíssimo.
Entre cenas fortes, chocantes, de nos fazer engolir seco ou marejar os olhos, este grande filme que no Brasil receberá o título de Três Anúncios para um Crime merece ser visto com reverência.
Uma obra madura, inteligente, dramática, engraçada, emocionante, num filme só. Cinema gigante, mesmo na tela pequena se porventura encontrares no torresmo. Vencedor do Globo de Ouro de Atriz (McDormand), ator coadjuvante (Rockwell), Melhor Roteiro e Melhor Drama.
(*****)

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