sábado, 14 de abril de 2012

Nunca julgue um livro pela capa, ou mesmo seu leitor...

Quem nunca fez cara de asco ao ver um jovem sacaroteando por aí e exibindo seu livro da série Crespúsculo, ou então um leitor iluminado de Paulo Coelho a desfiar verdades últimas e salvações momentâneas?

Queiramos ou não, estes livros podem ser a escada que levará estes leitores a lugares mais altos e a uma seleção melhor do que irão ler em tempos vindouros. Amar se aprende amando dizia Drummond no título de um dos seus livros, e ler bem, assim como ouvir bem, se faz nas horas de leitura (ou escuta) que vão se acumulando e fazendo nosso estofo crítico. Indiferentes quanto a qualidade das obras presentes, o certo que elas são o início de algo que este povo daqui pouco faz, o hábito da leitura é raridade demonstrada pelas tiragens tímidas de livros. O circulo vicioso poucos leitores >> pequena tiragem >> custos altos de produção >> livros caros já matou muito bicho leitor no ninho. Mas para quem se interessa isso não chega a ser obstáculo, e a semente está plantada.

Lembro que comecei a pegar o gosto pela leitura inspirado nos filmes de Rambo, Comando para Matar, entre outros heróis de guerra. A coleção eagle era feita de 5 séries de livros que apresentava os personagens SOBs, Able Team, Track, Mack Bolan e mais um que não lembro, ou estou querendo lembrar um que não existia. Combatendo terroristas ou o crime, as balas abundavam, os cadáveres se amontoavam e o talento para escrever minguava. No verso final do livro eram estampados  desenhos armas com detalhadas informações sobre onde eram fabricadas, cadência de tiro, etc, algo para a expertise Rambúnica poder ser fartar. Daí fui ficando um cara mais sábio, mas nem tanto, e fui evoluindo nos autores, a curiosidade pelos clássicos, pela literatura policial, a poesia, o ensaio, a filosofia, entre outros tantos temas, incluindo até artes marciais! Já cheguei a ler 34 livros por ano, habito que não me habita mais nesta voracidade. A internet, as series, a tv em geral e particular, todos estes fatores foram me tornando um leitor eventual e pouco disciplinado. Chega a ser difícil até se concentrar para este ritual onde a imaginação trabalha arduamente junto ao autor, construindo e sendo construído. Ler demanda tempo, atenção redobrada, sossego, todas peças raras de se encontrar nesta vida moderna tão criadora de distrações de minuto. Digressão monstra encerrada.

Ensinar a ler, cultivar, incentivar, e depois deixar que o leitor vá aprendendo a separar o joio do trigo. Se o que sobrará será apenas o joio ou o trigo não cabe ao semeador julgar ou se preocupar. Sua obra já terminou antes.

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